Vida  y

Pensamiento

Revista Teológica de la Universidad Bíblica Latinoamericana

Volumen 45, Número 2, Diciembre-Junio, Año 2025

 

Pensar/interpretar la biblia en

la sociedad contemporánea:

Fundamentalismos, luchas y resistencias

 

 

 

 

 

 

O ressignificado do Shalom na contemporaneidade

Um estudo de caso em Jeremias 29,1-15

 

Marisa Furlan da Silva

Faculdade Latino-americana (FLAM), Arujá, Brasil

 

pp. 87-112

 

 

 

Resumo: Este estudo analisa Jeremias 29,1-15 no contexto do exílio babilônico, destacando a ressignificação teológica do conceito de shalom. Em vez de associá-lo à posse territorial ou à estabilidade política, o texto propõe uma compreensão relacional e multidimensional, válida mesmo em contextos de deslocamento e adversidade. O profeta orienta os exilados a se engajarem na vida cotidiana e a buscarem o bem-estar da cidade onde residem, subvertendo a lógica do ressentimento e da resistência imediata. Na carta, o shalom é apresentado como responsabilidade ativa e coletiva, envolvendo integração construtiva, intercessão pelos inimigos e reciprocidade do bem-estar. Essa perspectiva rompe com a teologia centrada no templo e antecipa a espiritualidade da Nova Aliança, marcada pela interiorização da fé e pela transformação pessoal. Em uma sociedade contemporânea marcada pelo individualismo, polarização e fragmentação social, o shalom jeremiano emerge como um projeto coletivo que transcende a ausência de conflito, englobando justiça, saúde, prosperidade inclusiva e relacionamentos restaurados. A proposta profética convida à esperança ativa, à responsabilidade mútua e ao engajamento construtivo com o presente, oferecendo um modelo teológico relevante para as teologias contextual, pública e social.

Palavras-chave: shalom, Jeremias, exílio, contemporaneidade, bem-estar.

Abstract: This study analyzes Jeremiah 29:1–15 within the context of the Babylonian exile, highlighting the theological redefinition of the concept of shalom. Rather than associating it with territorial possession or political stability, the text proposes a relational and multidimensional understanding, valid even amid displacement and adversity. The prophet instructs the exiles to engage in daily life and seek the welfare of the city where they reside, subverting the logic of resentment and immediate resistance. In the letter, shalom is presented as an active and collective responsibility, involving constructive integration, intercession for enemies, and reciprocal well-being. This perspective breaks with temple-centered theology and anticipates the spirituality of the New Covenant, marked by the internalization of faith and personal transformation. In a contemporary society shaped by individualism, polarization, and social fragmentation, the Jeremian shalom emerges as a collective project that transcends the mere absence of conflict, encompassing justice, health, inclusive prosperity, and restored relationships. The prophetic proposal calls for active hope, mutual responsibility, and constructive engagement with the present, offering a theologically relevant model for contextual, public, and social theologies.

Keywords: shalom, Jeremiah, exile, contemporary context, well-being.

Resumen: Este estudio analiza Jeremías 29,1-15 en el contexto del exilio babilónico, destacando la resignificación teológica del concepto de shalom. En lugar de asociarlo con la posesión territorial o la estabilidad política, el texto propone una comprensión relacional y multidimensional, válida incluso en contextos de desplazamiento y adversidad. El profeta instruye a los exiliados a involucrarse en la vida cotidiana y a buscar el bienestar de la ciudad donde residen, subvirtiendo la lógica del resentimiento y la resistencia inmediata. La carta presenta el shalom como una responsabilidad activa y colectiva, que implica integración constructiva, intercesión por los enemigos y reciprocidad en el bienestar. Esta perspectiva rompe con la teología centrada en el templo y anticipa la espiritualidad de la Nueva Alianza, caracterizada por la interiorización de la fe y la transformación personal. En una sociedad contemporánea marcada por el individualismo, la polarización y la fragmentación social, el shalom jeremiano emerge como un proyecto colectivo que trasciende la mera ausencia de conflicto, abarcando justicia, salud, prosperidad inclusiva y relaciones restauradas. La propuesta profética invita a una esperanza activa, a la responsabilidad mutua y al compromiso constructivo con el presente, ofreciendo un modelo teológico relevante para las teologías contextual, pública y social.

Palabras clave: shalom, Jeremías, exilio, contemporaneidad, bienestar.

 

 

 

 

 

Marisa Furlan da Silva

 

O ressignificado do Shalom na contemporaneidade

Um estudo de caso em Jeremias 29,1-15

 

 

Introdução

 

O exílio babilônico, ocorrido no século VI AEC, representou um profundo trauma coletivo para o povo de Israel, marcado pela perda da terra, do templo e da identidade política. Contudo, esse período revelou-se também como um momento de intensa produção teológica, especialmente no que diz respeito à ressignificação do conceito de shalom. Nesse novo contexto, shalom passou a ser compreendido não como uma realidade vinculada à posse territorial ou à estabilidade sociopolítica, mas como uma experiência possível mesmo em meio ao deslocamento e à adversidade.

 

Essa perspectiva teológica desafia a lógica do ressentimento e da resistência imediata. Em vez de conclamar o povo ao retorno ou à oposição direta, Jeremias orienta os exilados a se engajarem na vida cotidiana: construir casas, plantar, constituir famílias — e, sobretudo, buscar o shalom da cidade onde foram levados. Trata-se de uma postura que valoriza a reconstrução da vida e da esperança no presente, mesmo em terra estrangeira, como expressão da fidelidade a Deus e da confiança em sua providência.

 

O conceito do vocábulo shalom transcende a simples tradução por "paz", carregando uma profundidade semântica que abarca múltiplas dimensões da experiência humana. Este estudo examina como Jeremias 29,1-15 apresenta uma ressignificação radical deste conceito no contexto do exílio babilônico, propondo implicações para a compreensão contemporânea.

 

Contexto histórico

 

A carta de Jeremias foi escrita entre a primeira conquista de Jerusalém (597 AEC) e a destruição definitiva da cidade e do templo (587 AEC). Conforme apontam Marisa Martins Furlan da Silva[1] e Martin Noth[2], foi dirigida aos exilados deportados com o rei Jeconias para a Babilônia. Trata-se de um documento singular, pois inaugura o gênero da “profecia por correspondência”, combinando conselhos práticos, promessas divinas e advertências contra falsos profetas.[3]

 

O contexto político foi marcado pela dominação babilônica sob Nabucodonosor, que colocou Zedequias como rei vassalo em Jerusalém.[4] A deportação da elite provocou uma crise social e religiosa sem precedentes: a perda da terra, da autonomia política e do Templo, centro da vida cultual e da identidade nacional. Contudo, como observa Reiner Albertz[5], esse período foi também fértil para a teologia, pois obrigou Israel a repensar sua fé sem o Templo, deslocando a presença de YHWH para uma experiência interior e comunitária.[6] Jeremias, ao contrário dos falsos profetas que prometiam libertação imediata, orienta os exilados a aceitar sua condição e a viver de forma construtiva, propondo que construam casas, plantem jardins, formem famílias e busquem o shalom da cidade (v.5-7). O contexto social e religioso da carta revela uma comunidade em crise, mas também em processo de reconstrução.

 

A partir dessa constatação, é possível sugerir que essa instrução subverte a lógica do ressentimento e inaugura uma espiritualidade pós-cultual, centrada na interioridade e na prática cotidiana. Como destaca Walter Brueggemann[7], Jeremias redefine a fé como compromisso relacional e comunitário, deslocando o eixo da religião da exterioridade ritual para a interioridade do coração.

 

Estrutura da carta

 

Furlan destaca que a carta de Jeremias aos exilados pode ser compreendida como uma “profecia por correspondência”, pois combina conselhos práticos, promessas divinas e advertências contra falsos profetas.[8] Sua estrutura pode ser organizada da seguinte forma[9]:

 

  • Introdução (vv.1-3): Apresentação dos destinatários e legitimação da mensagem enviada por Jeremias.
  • Conteúdo (vv.4-14):

-     Orientações aos exilados (vv.5-7): Construir casas, plantar jardins, formar famílias e buscar o shalom da cidade.

-     Advertência contra falsos profetas (vv.8-9): Rejeição às mensagens ilusórias de libertação imediata.

-     Busca por YHWH (vv.10-15): Promessa de retorno após o tempo determinado, condicionada à busca sincera “de todo o coração”.

 

Nossa análise se concentrará no arco que se estende da orientação inicial dirigida aos exilados (v.4) até a exortação sobre a busca por YHWH (v.11), evidenciando a progressão teológica e espiritual que conecta a vivência prática em terra estrangeira com a promessa de esperança e restauração.

 

Proposta de Tradução

 

1. Eis! Assim disse YHWH Tsevaôte, Elohim de Israel, para todos os exilados que foram deportados de Jerusalém para Babilônia:

2. Construí casas e habitai e plantai jardins e comei o fruto deles.

3. Tomai mulheres e gerai filhos e filhas e tomai para vossos filhos, mulheres e vossas filhas, dái para homens e gerai filhos e filhas e multiplicai-vos e não diminuais. 

4. E procurai o shalom da cidade que levei ao exílio a vós para lá e orai em favor dela a YHWH porque em shalom dela será shalom para vós.

5. Construí casas e habitai e plantai jardins e comei o fruto deles.

6. Tomai mulheres e gerai filhos e filhas e tomai para vossos filhos, mulheres e vossas filhas, dái para homens e gerai filhos e filhas e multiplicai-vos e não diminuais. 

7. E procurai o shalom da cidade que levei ao exílio a vós para lá e orai em favor dela a YHWH porque em shalom dela será shalom para vós.

8. Eis! Assim disse YHWH Tsevaôte, Elohim de Israel, não se enganem para vós (os) vossos profetas que (estão) em vosso meio, e os que vos advinham e (n)em escuteis os vossos sonhos que vos sonham.

9. Eis! Com mentira, eles (os) profetas (falam) para vós em meu nome. Não enviei eles, enunciado de YHWH.

10. Eis! Assim disse YHWH, quando segundo minha boca completar para a Babilônia setenta anos, procurarei a vós e farei cumprir sobre vós a minha boa palavra para trazer de volta a vós para este lugar.

11. Eis! (que) eu reconheço os pensamentos que planejo a vosso respeito, enunciado de YHWH, pensamentos de shalom e não para mal, para dar para vós tempo futuro e esperança.

12. Então invocareis a mim, e ireis, e orareis a mim, e escutarei a vós.

13. Então buscareis a mim, e (me) encontrareis, porque procurareis com todo vosso coração.

14. E serei alcançado por vós, enunciado de YHWH, e reverterei vosso cativeiro, e juntarei a vós de todas as nações, e de todos os lugares que dispersei a vós lá, enunciado de YHWH. E retornarei a vós (para) o lugar que exilei a vós desde lá.

15. Eis! (que) dissestes: fez levantar para nós YHWH profetas na Babilônia.

 

Nessa proposta de tradução podemos salientar que a narrativa de Jr 29,1-15 é costurada pela preposição ki (Eis que!). Esta chamada de atenção, ki (eis que!), está presente 5x na narrativa: 1x (v.8),1x (v.9), 1x (v.10), 1x (v.11) e 1x (v.15), e é uma partícula demonstrativa enfática, corroborativa, de esforço: sim, de fato, verdadeiramente. Ela introduz os v. 8, 9 e 11, e como koh (Eis que!), nos v.4 e 10. Embora não introduza os outros versos da perícope, a partícula ki (Eis!), inicia e termina a narrativa do oráculo na carta, centralizando o assunto: “Eis! Assim diz YHWH Tsevaôte, Elohim de Israel (v.4)”.[10]

 

Nos v.1-4 a narrativa faz com que a introdução da carta mostre a importância de seus destinatários. Há uma proposta no início da narrativa que se dispõe a envolver a carta em oráculo divino. Nos v. 5-7, YHWH, em um discurso, é imperativo referente às ações humanas: “Construí casas, plantai jardins e comei o fruto (v.5)”; “Tomai mulheres, gerai filhos e filhas, tomai para vossos filhos mulheres, dái vossas filhas a homens e multiplicai-vos e não diminuais (v.6)”; “Procurai o shalom e orai em favor dela (v.7)”. Nos versos 8-10, a narrativa ressalta a advertência contra os falsos profetas. Já nos versos 11-14 o discurso destaca oráculos de esperança: “Porque eu conheço os pensamentos que planejo a vosso respeito...pensamentos de shalom e não de mal para dar tempo futuro e esperança (v.11)”.

 

Já o vocábulo shalom aparece quatro vezes na narrativa (v.7 - 3x; v.11 - 1x), cada ocorrência revelando camadas específicas de significado:

 

Verso 7: "Procurai o shalom da cidade que levei ao exílio a vós para lá e orai em favor dela a YHWH porque em shalom dela será shalom para vós."

 

Este versículo apresenta três dimensões do shalom:

 

1.    Shalom como responsabilidade ativa - "procurai o shalom"

2.    Shalom como bem-estar coletivo - "o shalom da cidade"

3.    Shalom como reciprocidade - "no shalom dela será shalom para vós".

 

Quanto às formas verbais, estas desempenham papel fundamental na coesão textual. Identificamos 11 raízes verbais no modo imperativo afirmativo — “construí”, “habitai”, “plantai”, “comei”, “tomai”, “gerai” (2x), “dái”, “multiplicai”, “procurai”, “orai” — e 1 no modo imperativo negativo: “não escuteis”. Tais verbos não apenas estruturam o discurso, mas também expressam diferentes valores semânticos, como ordem, proibição, convite, pedido e súplica. Dessa forma, orientam o leitor ou ouvinte a cumprir as instruções e realizar as ações propostas sem espaço para contestação.

 

Para aprofundar essa compreensão, realizaremos uma análise semântica dos verbos, com o objetivo de evidenciar como suas formas e usos contribuem para a construção teológica e para a dinâmica relacional entre os exilados e YHWH no texto de Jeremias 29. Essa investigação permitirá observar de que maneira cada forma verbal participa da elaboração do sentido global do oráculo e da consolidação de sua autoridade discursiva. Além disso, possibilitará identificar nuances de intencionalidade, intensidade e direcionamento presentes nas escolhas verbais, ressaltando sua relevância na articulação interna do texto e na força persuasiva que sustenta a mensagem profética.

 

Análise Semântica dos Verbos em Jeremias 29,1-15

 

O verbo “invocar” que traz sentido de chamar, convocar - ocorre uma vez no v.12. É transitivo direto e enfatiza o ato de invocar YHWH em súplica exclusiva. Aparece 51 vezes em Jeremias, geralmente associado à invocação do nome divino em situações críticas, podendo também designar convocação para tarefas específicas. Sua ausência, como em Isaías 65,12, implica rejeição e ira divina. A raiz sugere encontro intencional entre sujeito e objeto.[11]

 

Já o verbo “ir” como seguir, andar - ocorre uma vez no v.12. Embora possua usos variados (Gn 3,14; Lm 5,18; Gn 7,18; Ex 19,19; Ex 14,29), aqui expressa deslocamento em direção a YHWH, indicando disposição do povo em buscá-lo, o que gera resposta positiva.[12]

 

O verbo “orar” aparece uma vez no v.12. Implica súplica insistente, intercessão e prostração, sem caráter sacerdotal. Em Jeremias, o objeto é geralmente Israel. O uso destaca ação reflexiva e contínua, relacionada a práticas como buscar o rosto de Deus, confessar e clamar (2Cr 7,14; Dn 9,4-20). A etimologia remete à raiz que significa “cair”, vinculando oração à prostração.[13]

 

O verbo “ouvir” que implica atender, obedecer - ocorre uma vez no v.12. Além do sentido físico de escutar, implica atenção e obediência, podendo ser reforçado pelo coração (Ez 44,5). No discurso profético, assume caráter imperativo formal: “Ouvi a palavra de YHWH” (Is 28,14; Jr 7,2), como declaração oficial divina.[14]

 

O verbo “buscar” indica procurar, desejar - ocorre uma vez no v.13. Frequentemente YHWH é o objeto da busca (Dt 4,29; Jr 29,13). A forma intensiva indica comportamento contínuo e justo. Buscar YHWH implica mudança de hábitos e arrependimento, sendo condição para acesso à sua presença.[15]

 

O verbo “encontrar” expressa alcançar, obter - ocorre uma vez no v.13. Indica a disponibilidade de YHWH para ser achado por aqueles que o buscam (Dt 4,29; 2Cr 15,4). O uso teológico reforça a promessa de encontro após busca sincera.[16]

 

O verbo “procurar” sugere investigar, examinar - ocorre uma vez no v.13. Relaciona-se a buscar YHWH como sinal de relacionamento e justiça, podendo significar inquirir conselho ou conhecimento (Gn 25,22). É equivalente a “procurar com cuidado” (Dt 12,5; Jr 30,17; Is 62,12). O verbo reforça a necessidade de adoração sincera e contínua.[17]

 

O verbo “achar” atribui sentido de alcançar, ser suficiente - ocorre uma vez no v.14. Indica resultado após busca, podendo também significar “achar favor” diante de YHWH ou de pessoas (Gn 6,8; 39,4). Teologicamente, expressa a constante disponibilidade de YHWH para aqueles que o procuram.[18]

 

O verbo “voltar” denota retornar, mudar de direção - ocorre uma vez no v.14 e aparece 111 vezes em Jeremias. Possui três dimensões principais: religiosa (quando o povo se afasta ou retorna a YHWH), física (mudança de direção) e ambígua (dar as costas ou voltar-se). É fundamental para compreender o conceito de arrependimento, simbolizado pela imagem da “meia-volta” em direção a Deus. Em Jr 3,22–4,2, o profeta organiza uma liturgia de arrependimento que inclui reconhecer YHWH como único Deus, confessar pecados, tratar a vergonha e assumir nova conduta. O verbo também descreve o ato de YHWH receber o povo arrependido e é frequentemente associado ao regresso após o exílio (Jr 16,13-15; 31,16; Ez 11,17; 36,24).[19]

 

E por fim o verbo “juntar” que veicula o sentido de reunir, congregar - ocorre uma vez no v.14. É usado em contextos sociais (colheita de grãos, ajuntamento de animais, tropas, dinheiro para o templo) e religiosos (reunião para bênção, transporte da arca, renovação da aliança). Embora possa ter o homem como sujeito, a maioria dos textos destaca YHWH como aquele que reúne o povo e restaura sua relação com a terra prometida (Is 43,5; Jr 29,14; Mq 2,12).[20]

 

Com exceção do verbo “procurar, investigar, examinar” (v.13), todos os demais são acompanhados do waw conjuntivo, recurso que altera o aspecto verbal de concluído para inconcluso, projetando as ações para o presente e futuro. Esse detalhe sintático reforça a dimensão processual das ações humanas e divinas descritas em Jeremias 29,12-14: não se trata de eventos isolados, mas de um movimento contínuo de busca, oração, retorno e encontro, que culmina na promessa de restauração.

 

A seguir, a tabela comparativa sintetiza os principais verbos do trecho, destacando seus significados, funções e implicações teológicas. Ela evidencia como cada verbo contribui para a lógica interna do oráculo: os verbos de ação humana (invocar, ir, orar, buscar, procurar, voltar) encontram correspondência nos verbos de ação divina (ouvir, deixar-se encontrar, reunir, restaurar), compondo uma dinâmica de reciprocidade que sustenta a mensagem central do profeta.

 

Tabela comparativa dos verbos em Jeremias 29,12-14

 

Verbo

Significado principal

Função (humana/divina)

Implicação teológica

Invocar, chamar, convocar

Súplica, clamor

Humana

Encontro intencional com YHWH; invocação exclusiva em situações críticas.

Ir, seguir, andar

Deslocar-se, mover-se

Humana

Disposição em buscar YHWH; movimento físico e espiritual em direção a Ele.

Orar

Suplicar, interceder

Humana

Intercessão contínua; oração como prostração e dependência de Deus.

Ouvir, atender, obedecer

Escutar, responder

Divina

Resposta de YHWH; atenção e obediência como confirmação da aliança.

Buscar, procurar, desejar

Procurar intensamente

Humana

Mudança de hábitos e arrependimento; busca sincera como condição de acesso a YHWH.

Encontrar, alcançar, obter

Descobrir, achar

Divina

Disponibilidade de YHWH; promessa de encontro após busca sincera.

Procurar, investigar, examinar

Inquirir, examinar

Humana

Busca cuidadosa e justa; desejo de conselho e compreensão espiritual.

Achar, alcançar, ser suficiente

Obter, ser encontrado

Divina

Resultado da busca; favor diante de YHWH; presença constante de Deus.

Voltar, retornar, mudar de direção

Converter-se, regressar

Humana/Divina

Arrependimento e restauração; regresso após o exílio; YHWH recebe o povo de volta.

Juntar, reunir, congregar

Reunir, restaurar

Divina

Restauração do povo e da terra prometida; reunião como sinal da fidelidade divina.

 

 

A análise sintática e semântica dos verbos em Jeremias 29,12-14 evidencia a interação entre ação humana (invocar, ir, orar, buscar, procurar, voltar) e ação divina (ouvir, deixar-se encontrar, reunir, restaurar). Essa dinâmica revela coesão, pois conecta as exigências da aliança sinaítica com a resposta de YHWH, e coerência, ao estabelecer a lógica teológica: o povo deve buscar, invocar e retornar, enquanto Deus se mostra disponível para ouvir, reunir e restaurar.

 

Essa orientação subverte a lógica do ressentimento. O profeta não ordena resistência ou espera passiva pelo retorno imediato, mas propõe ações concretas: construir, plantar, casar e buscar o shalom do lugar onde estão. O conceito de shalom, repetido três vezes no contexto, amplia o horizonte da promessa divina. Segundo o Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, shalom não se limita à ausência de guerra ou conflito, mas abrange paz, prosperidade, saúde, integridade, harmonia e segurança.[21] Trata-se de uma realidade relacional e comunitária, fruto da retidão e da presença de Deus, que se manifesta em alianças restauradas e em bênçãos concretas.

 

Assim, os verbos de Jeremias 29,12-14 — que articulam busca, oração, retorno e encontro — alcançam sua culminância no verso 11, onde YHWH declara: “Porque eu conheço os pensamentos que planejo a vosso respeito... pensamentos de shalom e não de mal, para dar tempo futuro e esperança”. A promessa do shalom transcende o exílio imediato e projeta uma esperança escatológica: o povo, ao responder com arrependimento e busca sincera, participa da restauração divina que se traduz em vida plena, integridade e futuro de esperança.

 

Na proposta de Jeremias, vislumbra-se uma postura revolucionária: os exilados são orientados a buscar ativamente o bem-estar de seus próprios opressores. Essa instrução rompe paradigmas tradicionais de resistência e vingança, estabelecendo princípios fundamentais de integração construtiva, ou seja, construir casas, plantar e formar famílias; de intercessão pelos inimigos orando pela cidade babilônica; e de reciprocidade do bem-estar, isto é, o shalom da cidade torna-se também o shalom dos exilados.[22]

 

Portanto, a mensagem social do profeta insere-se no contexto da conversão. Conforme José Luis Sicre Díaz[23], a intenção de Jeremias permanece clara: desmascarar a astúcia dos sacerdotes e dos falsos profetas, conduzindo o povo a um conhecimento verdadeiro de YHWH. Conhecimento esse que se fundamenta na lealdade, no direito e na justiça, valores nos quais o próprio Deus encontra prazer (Jr 9,23).

 

Podemos sugerir então que a proposta jeremiana representa uma ruptura fundamental com a teologia do templo, que limitava a adoração a YHWH ao espaço sagrado de Jerusalém.

 

A ruptura jeremiana e a ressignificação do shalom

 

A proposta jeremiana representa uma ruptura fundamental com a teologia do templo, que restringia a adoração a YHWH ao espaço sagrado de Jerusalém. O profeta estabelece que a presença divina não se limita ao templo, mas pode ser experimentada em terra estrangeira, e que a verdadeira religião é interior, radicada no coração. Essa perspectiva antecipa a teologia da Nova Aliança (Jr 31,31-34), marcada pela interiorização da lei — escrita no coração e não em tábuas —, pelo relacionamento pessoal com YHWH, pela responsabilidade individual diante da aliança e pelo conhecimento direto de Deus.

 

No livro de Baruc (1,11), a orientação é orar pela vida de Nabucodonosor e de seu filho, em uma perspectiva mais restrita e pessoal. Em contraste, Jeremias instrui os exilados a orarem pela cidade da Babilônia, ou seja, por todo o Estado pagão. Essa proposta revela-se profundamente radical para o contexto histórico, pois desloca a intercessão do âmbito individual para o coletivo. Enquanto Baruc enfatiza a súplica em favor de governantes específicos, Jeremias amplia o horizonte e convoca o povo a buscar o bem-estar da comunidade estrangeira em sua totalidade. Dessa forma, a oração deixa de ser unilateral e se torna um ato de integração social e espiritual, em que o shalom da cidade se converte também no shalom dos exilados.

 

Furlan da Silva ressalta que nesse contexto, o shalom surge como fruto da obediência interior, desvinculado de holocaustos, sacrifícios rituais, da mediação sacerdotal exclusiva ou de uma localização geográfica específica.[24] Trata-se de uma espiritualidade pós-cultual, centrada na transformação interior e na teologia do coração, que redefine a experiência religiosa como caminho de integridade, justiça e comunhão com Deus.

 

O oráculo proveniente do próprio YHWH anuncia uma transformação profunda — teológica, antropológica, social, cultural e política — distinta de tudo o que o povo havia experimentado até então. A proposta profética estabelece que, caso os exilados se dispusessem a viver o shalom em sua integralidade, receberiam em retorno o mesmo shalom, isto é, experimentariam a plenitude do cuidado e da bondade de YHWH. O retorno do exílio, portanto, estava condicionado ao alcance de uma maturidade espiritual e comunitária capaz de sustentar essa nova forma de vida. Nesse sentido, concordamos com Antonius H. J. Gunneweg[25], ao afirmar que Jeremias, mesmo diante da desgraça e da “catástrofe nacional”, foi capaz de anunciar salvação e graça no próprio juízo divino, revelando a esperança que brota da fidelidade de Deus.

 

Os exilados compreendiam o cativeiro como resultado de sua desobediência, o que de fato corresponde à realidade, mas Jeremias evidencia que a maior falha residia na ausência de piedade e na falta de um coração justo. Nesse bloco, o profeta introduz uma nova visão teológica: enquanto anteriormente a prática religiosa era concebida de fora para dentro, agora o cumprimento da fé deveria ser pessoal, brotando do coração, de dentro para fora.[26]

 

A relevância do vocábulo “coração” para a antropologia bíblica exige atenção especial. Embora mencionado mais de 800 vezes no Primeiro Testamento, são raras as passagens em que aparece em sentido anatômico (Jr 4,19; 2Sm 18,14; 1Sm 25,37; Os 13,8; 2Rs 9,24). Em Jr 23,9, o coração é descrito como “rompendo do peito”, e em Jr 8,18 o verdadeiro profeta chega a colocar sua própria saúde em risco. O coração, portanto, contrapõe-se à aparência externa, sendo apresentado como o lugar da disposição mental, inacessível à palavra transmitida externamente (Pv 24,12). Ele não pode se esconder de YHWH, que conhece seus segredos (Pv 15,11b; Sl 44,22). Assim, o coração é muito mais que uma realidade anatômica: nas narrativas bíblicas, implica aspirações, ideias secretas e desejos profundos.[27]

 

Diógenes Braga Ramos y Silvana de Gaspari[28] também destacam a conscientização da presença divina no coração que substitui a lei externa: o que antes estava gravado em pedra passa a ser inscrito no corpo (cf. Jr 32,39-40; Ez 10,19-21). Para que essa ideia se concretizasse, era necessário “circuncidar o coração”, conceito já presente em Dt 10,16. A circuncisão do coração simboliza a entrega total do ser humano a Deus, enquanto o sacrifício ritualístico representa a união entre o coração humano e o divino, completando a aliança almejada.

 

Hans Walter Wolf[29] acrescenta que, na maioria dos casos, o coração é caracterizado por funções intelectuais e racionais, equivalentes ao que hoje atribuímos à cabeça ou ao cérebro. Nesse sentido, o coração abrange as faculdades cognitivas: razão, compreensão, consciência, memória, reflexão, julgamento e orientação. Para o autor, esse é o centro do significado genuíno do coração bíblico.

 

A compreensão analítica do corpo no Primeiro Testamento permite dimensionar o que YHWH, por meio de Jeremias, estava propondo. Corroborando com Wolf, a busca “com todo o vosso coração” implica em uma entrega sincera, resistência às intenções ocultas e conversão de valores. Trata-se de uma decisão consciente da vontade, da qual dependia a execução da proposta feita aos exilados, a fim de que alcançassem o objetivo estabelecido por YHWH.

 

Nesse sentido, o v.14 está condicionado ao v.13, trazendo o futuro esperado vinculado à promessa de esperança. O oráculo de YHWH nesse trecho confirma o retorno à terra dos pais após o tempo de exílio anunciado por Jeremias. No momento oportuno, YHWH cumpriria sua “boa palavra”, trazendo salvação comparável ao primeiro êxodo. Essa semelhança pode ser percebida tanto pela estrutura narrativa quanto pelo emprego de termos equivalentes, como “sair-entrar” ou “sair para entrar”.[30]

 

Isto posto, é possível afirmar que a fé, antes centralizada no Templo, passa por uma reconfiguração radical. Ao transformar a teologia, toda a estrutura religiosa e identitária do povo necessitava de uma reorganização. A aliança, portanto, deveria ser renovada, inaugurando um processo de recomeço em todos os sentidos — um novo modo de compreender a religião e de viver a vida.

 

A partir dessa mudança interior, YHWH assegura transformar a sorte do povo ressignificando o epíteto shalom como um novo modo de vida que se fundamenta na interioridade e na reorganização comunitária.[31]

 

Considerações finais

 

A carta de Jeremias aos exilados (Jr 29,1-15) revela-se como um marco teológico e espiritual que transcende seu contexto histórico imediato. Mais do que um comunicado divino, o oráculo de YHWH propõe uma mudança radical: deslocar a fé da exterioridade cultual para a interioridade do coração. Essa transição redefine a identidade religiosa do povo, reorganiza sua estrutura comunitária e inaugura uma espiritualidade pós-cultual, centrada na transformação interior e na vivência do shalom.

 

O shalom apresentado por Jeremias não se limita à ausência de conflito, mas assume caráter multidimensional: prosperidade, justiça, saúde, integridade e esperança. No exílio, essa proposta significava reconstrução de vida e de comunidade; na contemporaneidade, marcada por polarizações e fragmentações, significa um chamado à responsabilidade mútua, ao engajamento construtivo, à transformação interior e à esperança operativa. Trata-se de um modelo que desafia lógicas de exclusão e retaliação, convidando indivíduos e comunidades a abraçarem uma espiritualidade que se manifesta em justiça social, prosperidade compartilhada e relacionamentos restaurados.

 

A carta, portanto, apresenta aspectos positivos e desafiadores. Entre os positivos, destacam-se a orientação prática e realista, a espiritualidade inclusiva, a interiorização da fé e a esperança escatológica. Entre os desafiadores, sobressaem a aceitação do exílio prolongado, a necessidade de orar pelo opressor e a ruptura com expectativas messiânicas imediatas. Essa tensão entre promessa e frustração, entre adaptação e resistência, é justamente o que torna o texto tão relevante: ele mostra que a fé pode ser reconstruída em meio ao trauma, mas não sem enfrentar duras exigências de transformação.

 

Assim, a contribuição duradoura da carta aos exilados consiste em demonstrar que o verdadeiro shalom emerge quando o bem-estar do outro é buscado como caminho para o próprio bem-estar. Essa visão transforma contextos de adversidade em oportunidades de crescimento e restauração comunitária, oferecendo um paradigma de fé que continua relevante em tempos de individualismo e fragmentação social.

 

Por fim, a investigação aponta para a necessidade de estudos complementares que explorem as implicações práticas dessa ressignificação do shalom em contextos específicos, especialmente no âmbito das teologias contextual, pública e social. Nesse horizonte, a reflexão de Bracke[32] amplia a mensagem jeremiana ao destacar que viver em um mundo pluralista exige relacionar-se até mesmo com aqueles de quem não gostamos, mas também reconhecer a diversidade como presente de Deus que enriquece a criação. Jeremias, ao chamar os exilados a não apenas aceitar sua condição, mas a abraçá-la como dádiva divina, oferece um caminho de espiritualidade inclusiva e reconciliadora. Dessa forma, sua mensagem permanece como referência para pensar a fé, a comunidade e a esperança em chave contemporânea, convidando-nos a redescobrir que a paz verdadeira é sempre coletiva, a prosperidade genuína é sempre inclusiva e a esperança autêntica é sempre construtiva.

 

Bibliografia

 

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Marisa Furlan da Silva es Doctoranda en Ciencias de la Religión por la Pontificia Universidad Católica de São Paulo (São Paulo, Brasil).

 

Contacto: marisa.furlan281@gmail.com  

 

Artículo recibido: 1 de septiembre de 2025.

Artículo aprobado: 28 de noviembre de 2025.

 

 

 



[1] “Primeira carta de Jeremias aos exilados: o desafio de viver sem templo e construir o shalom em terra estrangeira (uma análise de Jr 29,1-15)” (Dissertação de Mestrado em Ciências da Religião, Universidade Metodista de São Paulo, 2021), 70–72.

[2] Historia de Israel (Garriga, 1985), 103–10.

[3] Furlan da Silva, “Primeira carta de Jeremias aos exilados”, 77–78.

[4] John M. Bracke, Jeremiah 30-52 and Lamentations (Westminster John Knox Press, 2000), 223.

[5] A History of Israelite Religion in the Old Testament Period, Volume 2: From the Exile to the Maccabees (Westminster John Knox, 1994), 42–50.

[6] Gerhard Von Rad, Teologia do Antigo Testamento, Vols. 1-2 (Aste, 1986), 302–15.

[7] Theology of the Old Testament: Testimony, Dispute, Advocacy (Fortress Press, 1997), 98–102.

[8] “Primeira carta de Jeremias aos exilados”, 72.

[9] Furlan da Silva, “Primeira carta de Jeremias aos exilados”; Luis A. Schökel y José L. Sicre Díaz, Profetas I: Isaías-Jermias, trad. Anacleto Alvarez, Grande Comentario Biblico (Paulinas, 1988).

[10] Page H. Kelley, Hebraico Biblico. Uma Gramatica Introdutoria, 5a ed. (Sinodal, 1998).

[11] William L. Holladay, Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento, trad. Daniel de Oiveira (Vida Nova, 2010), 458s; R. Laird Harris et al., Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento (Vida Nova, 1998), 1365s; Luís Alonso Schökel, Dicionário Bíblico Hebraico-Português (Paulus, 1997), 588.

[12] Schökel, Dicionário Bíblico Hebraico-Português, 177s; Harris et al., Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, 355; Holladay, Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento, 110s.

[13] Ernst Jenni y Claus Westermann, eds., Diccionario teológico manual del Antiguo Testamento, Vol. 1 (Cristiandad, 1978), 544–46; Holladay, Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento, 415; Harris et al., Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, 1217–19.

[14] Willem A. VanGemeren, Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento (Cultura Cristã, 2011), 174–76; Holladay, Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento, 535s.

[15] Harris et al., Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, 2010s; VanGemeren, Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, 699–702; Holladay, Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento, 63.

[16] VanGemeren, Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, Vol. 2, 1058-1060; Holladay, Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento, 296; Jenni y Westermann, Diccionario teológico manual del Antiguo Testamento, 1256–58.

[17] Holladay, Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento, 103; VanGemeren, Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, Vol. 1, 967-972.

[18] Harris et al., Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, 865; Holladay, Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento, 296s; VanGemeren, Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, Vol. 2, 1050.

[19] Holladay, Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento, 515–17; VanGemeren, Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, Vol. 4, 56-59; Jenni y Westermann, Diccionario teológico manual del Antiguo Testamento, 1112–14.

[20] Holladay, Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento, 443; Harris et al., Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, 1314–16; VanGemeren, Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, Vol. 3, 860–63.

[21] Harris et al., Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, 1573.

[22] Jack R. Lundbom, Jeremiah 21-36. A New Translation with Introduction and Commentary (Doubleday, 2004), 174.

[23] José Luis Sicre Díaz, Introducción al Antiguo Testamento (Verbo Divino, 2011).

[24] “Primeira carta de Jeremias aos exilados”, 90–93.

[25] Antonius H. J. Gunneweb, Teologia bíblica do Antigo Testamento. Uma história da religião de Israel na perspectiva bíblico-teológica (Loyola, 2005), 208.

[26] Milton Schwantes, Sofrimento e Esperança no Exílio. História e Teologia do Povo de Deus no Século VI a.C. (Oikos, 2007), 121–27.

[27] Diógenes Braga Ramos y Silvana de Gaspari, “Perspectivas teológico-literárias do texto apócrifo: Apocalipse de Baruch”, en XI Congresso Internacional da ABRALIC (AnAnais do XI Congresso Internacional ABRALIC em São Paulo, 2008), 35.

[28] Ibid., 40–42.

[29] Introdução ao Antigo Testament (Sinodal/Vozes, 2014), 113.

[30] Schökel y Sicre Díaz, Profetas I, 570; Brueggemann, Theology of the Old Testament, 98–102.

[31] Furlan da Silva, “Primeira carta de Jeremias aos exilados”, 93.

[32] Bracke, Jeremiah 30-52 and Lamentations, 223.